sexta-feira, abril 02, 2010

Dream Theater: isso não é banda... é time, é seleção!

Isso não é banda... é time, é seleção!
Eu não sou fã... sou torcedor!
Isso não é público... é nação!
André de Lemos
Foi nesse espírito que cheguei ao re-re-re-batizado Metropolitan para o show do Dream Theater, que veio visitar a cidade maravilhosa por conta do novo disco, Black Clouds and Silver Linings. O disco está muito bom. Bem melhor que seu antecessor, Systematic Chaos. Além de músicas bem "metal", tem também a parcela puramente progressiva que vinha sendo deixada de lado há algum tempo. Isso sem falar nos inúmeros covers que foram lançados em forma de singles. Destque especial para Stargazer, do Rainbow (pra mim, nunca na história dessa banda o vocal de James Labrie esteve melhor), e o medley Tenement Funster / Flick of the Wrist / Lily of the Valley, do Queen, contando com um arranjo primoroso juntando o que há de melhor nessas duas bandas geniais.

Cheguei à casa de shows segundos antes do início da apresentação da banda de abertura, Big Elf. Eles entraram ao som da Marcha Imperial, de John Williams. Inclusive o vocalista tinha um boneco do Yoda em cima do teclado. A banda tem um clima muito "primórdios do Black Sabbath". Os teclados dão um clima bem interessante e os integrantes são todos barbudos e carismáticos. Ganharam o público, o que é um grande feito... ainda mais diante de uma nação de torcedores como essa.


Tem início, então, a espera pelo prato principal. O mais legal foi que o pessoal do DT, leia-se Mike Portnoy, definiu como música ambiente um conjunto de versões "voz & violão" de músicas do DT. A galera cantava tudo, inclusive o solo! Foi uma coisa contagiante ouvir todos cantarem a letra de As I Am, os solos de Erotomania e de Ytse Jam. Acho que foi um dos raros momentos de arrepio antes mesmo de começar o show! Depois de um tempo, começa a ecoar a tenebrosa trilha sonora de Psicose que marca o início do show do DT, mas o pano que cobre o palco permanecia levantado durante as primeiras notas da introdução de piano de A Nightmare to Remember. O pano finalmente cai quando entra a guitarra de John Petrucci revelando um palco ultra clean. Havia apenas os músicos com seus instrumentos, sem nenhuma decoração além do telão ao fundo. Essa primeira música foi matadora, dando o tom do show! Foi muitíssimo bem recebida por todos, que cantaram a música toda! Ela representa uma ótima síntese da atual formação da banda.

Imediatamente a seguir, emendaram no riffão de The Mirror! Foi aí que começou a bateção de cabeça! Sim, porque, durante a primeira música, a única reação da galera foi a de "caralho!! toca pra cacete!! porra!!". Aliás, consegui um lugar na platéia bem em frente ao Petrucci e posso dizer que é inacreditável vê-lo tocar. O cara é uma máquina!! É quase que assustador!

Sem perder tempo, então, já seguem para Lie, a música seguinte no mesmo disco. Acho que foi por aí que houve um dos momentos malabarísticos do show: no meio da música, Mike Portnoy joga uma das baquetas em direção ao lado de fora do palco e o roadie, que deveria estar a mais de 20 metros, a pega no ar. Não sei se o roadie chegou a fazer alguma coisa com ela, mas logo depois ele a joga de volta e Mike consegue apanhá-la no ar durante a execução da música sem deixar a peteca cair!! Sensacional! Foi apludido por todos!! Alías, tenho essa opinião desde o show deles de 2005: Mike Portnoy é um show à parte!

Logo depois, vem outra música do disco novo: A Rite of Passage. Muito boa ao vivo! A curiosidade dessa música foi o fato de Jordan Rudess ter tocado parte do solo de teclado em seu iPod usando um app concebido por ele mesmo! Além disso, tudo que ele tocava era reproduzido "ipsis litteris" por uma animação que passava no telão! Imagino fazer parte do tal app. Ele é O cara!!
Essa música é imediatamente emendada num mega solo de teclado que ia do psicodélico ao virtuoso caindo no riff inicial de Sacrified Sons. Eu particularmente ouvia essa música apenas como uma punhetação sobre o 11 de setembro em volta de um solo absurdo que sempre me lembra Tarkus do Emerson Lake & Palmer. Depois de vê-la ao vivo, mudei de opinião. Deu para ver o quanto essa música "toca" os membros do grupo. Ela foi cantada quase que em uníssono por LaBrie, Portnoy e Petrucci. Foi realmente emocionante.

Depois disso, vem um ponto fraco do show: uma das piores música do DT, Solitary Shell. O grande lance foi uma enxurrada de improvisação beirando o impossível! O mais legal foi o duo de guitarra e teclado que Petrucci e Rudess fizeram bem na frente do palco. Posso dizer que ouvi e vi a melhor versão de Solitary Shell da história, até porque essa música é bem fraquinha!!

Ainda bem que depois veio uma das maiores porradas da história do Dream Theater: In the Name of God. Dos riffs explosivos aos refrões gritados até o pulmão virar do avesso, passando pelos solos malabarísticos, foi um dos pontos altos do show. Tão bom que só pôde ser igualado ao clássico mór Take The Time do antológico Image and Words. Nem o fato de eles terem comido parte da música tirou o encanto da parada. Só de sacanagem, ainda mandam Anthem, do Rush, no meio da música! Muito foda!!

Teve fim então o tempo regulamentar. Na volta, Jordan chega com uma camisa com a foto de Mike Portnoy. Pelo que eu entendi, deve ter recebido de presente de um fã. Mike ficou se curvando diante de sua própria imagem... esse cara é um fanfarrão!

O bis vem com o épico do último disco, The Count Of Tuscany. Mas acho que esse também foi, pelo menos para mim, um ponto baixo do show. Tinha tanta música deste disco ou de outros que poderiam fechar o show de forma bem mais apoteótica, mas tudo bem... foi um mega-showzaço!! Imperdível!!


domingo, janeiro 31, 2010

What don't kill ya make ya more strong

A última vez que o Metallica veio ao Brasil foi em 1999. Aí você pensa: "ah, isso foi recente"! Aí eu te falo: pense comigo. Se uma criancinha estava começando sua vida escolar ouvindo Xuxa do alto de seus 7 anos de idade naquele longínquo ano de 1999, ao longo de todo esse tempo, essa mesma criança entrou na puberdade; viveu todos aqueles problemas da adolescência, teve contato com música, rock e metal; entrou no segundo grau; fez vestibular; e agora, já maior de idade, pôde ir sozinho, dirigindo, ao show de ontem do Metallica em suas férias da faculdade. Cara, isso é uma vida!!

Depois de um preço extorsivo e de algumas horas de estrada, estávamos nós em São Paulo para mais um show do Metallica por ocasião do lançamento do Death Magnetic a.k.a. "o verdadeiro sucessor do disco preto". Rolou, então, uma mega confusão para retirada dos ingressos um ultra mega caos para entrar no Estádio do Morumbi. Nunca vi um show tão desorganizado! Chegou uma hora que precisávamos escolher entre correr o risco de perder o início do show em uma fila quilométrica ou furar fila na maior cara-de-pau do universo: opção B na cabeça! Entramos sem maiores problemas e chegamos a ver a última música do Sepultura, que repetia a dobradinha do show da Gávea. Agora era só se embrenhar pela galera em meio às rodinhas já sem energia do fim de Roots Bloody Roots para conseguir um lugar melhor ao sol.


O show começa então com a clássica Extacy of Gold de Enio Morricone, enquanto assistíamos à entrada da banda e ao imediato início de Creeping Death que foi muitíssimo bem recebida e cantada por todos. E, para manter o clima de clássicos, já emendaram em For Whom The Bell Tolls, The Four Horsemen e Harvest of Sorrow (sem a antológica escarrada), que deram uma acalmada em termos de agitação mas foram igualmente cantadas pela galera. O som estava muito bom e as guitarras bem claras apesar de ainda insistirem naquele timbre feio de distorção que vem permeando o som do Metallica recentemente.

Nisso, eu começo a perceber os roadies arrumando um violão do mesmo jeito que o James usava para tocar The Unforgiven na turnê do disco preto. "Ai que merda, vão tocar uma popzinha". E eis que surge Fade to Black. Ficou bem interessante com o violão em vez da guitarra limpa. O solo dessa música foi emocionante e o primeiro arrepio da noite. Esse solo é particularmente especial para mim pois foi um dos primeiros que eu aprendi a tocar. Essa música fazia parte de um songbook do Metallica que meu pai me deu em 1995 (um ano depois de eu começar a tocar guitarra).
Começam a soar, então, aquelas batidas de coração que marcam a primeira música nova, That Was Just Your Life. Esse início é muito empolgante e o pessoal a recebeu quase como já fosse clássica. O ruim é que houve alguma coisa com o som nessa hora, que ficou mais abafado. Depois ainda emendaram na próxima na ordem do disco, The End Of The Line, da qual eu não gosto muito mais foi bastante bem recebida. O engraçado é que, diferentemente das clássicas, que todos os fãs mais velhos sabiam cantar, essas duas foram praticamente levadas no "embromation", com exceção do refrão... hehehe. Segue-se então para The Day That Never Comes, a qual já foi bastante dissecada por aqui. Cabe ressaltar que essa música foi muito boa ao vivo! De verdade! Mas coloquemos dessa forma: a qualidade e fodeza da segunda metade dessa música chega a ser tão absurda quanto a escrotice da primeira parte!


Para a próxima música, eles disseram que iriam dedicar aos amigos do Sepultura, ou melhor, do Sepultura Cover. Eu digo cover porque a essa altura do campeonato, na moral, que banda é aquela? Foi quase poético quando começaram a tocar Sad but true. É claro que eles não devem ter pensado nisso, mas é algo do tipo "essa bandinha tá uma merda mas é isso mesmo!". Em seguida foi uma das melhores música do disco novo: a arrepiante Broken, Beat And Scarred. Sua letra é muito foda e também pode ser entendida como um símbolo da vitória sobre tempos difíceis recém-enfrentados: What don't kill you make you more strong!!

Tem início então a sequência de pirotecnia que marca o início de One. Só consigo pensar "porra o James não aprende". O estranho dessa música foi que deu para perceber uma coisa inusitada: todo mundo sabe que o Lars é limitado e tudo mais, ok. Mas o interessante é que o outros membros do Metallica parecem já estar vacinados contra isso. Parece que sabem quando ele vai errar ou já estão previnidos para que não errem também. Veio então o clássico maior Master of Puppets em sua versão na íntegra. Sempre acho arrepiante quando eles tocam aquele clássico solo de guitarra dobrada. Em seguida, a música que eu sempre quis ver ao vivo: BLACKENED!! Muito maneira e arrepiante. Meu pescoço está ainda um pouco doendo por causa dessa música!! O único ponto fraco é que o solo estava um pouco estranho. Diga-se de passagem: esse foi o único solo estranho da noite. Todos os outros foram tocados nota por nota pelo Kirk, que estava com um som de guitarra muito bom!

Nisso, eles retomam a porção pop do show para agradar as crianças presentes no público. Destaques para o solo do James na Nothing Else Matters e para o som que voltou a ficar claro no meio da Enter Sandman. Não preciso nem dizer que as músicas foram as mais bem recebidas pela galera... ai ai ai. E teve fim o tempo regulamentar.

Cabe aqui um comentário sobre o público paulistano: eles não sabem rimar. Para pedir bis, gritavam: "Olê olê olê olêêêêê, Metallicaaaaa". Não dava para ser "Olê olê olê olaaaaa"? Porra! Kirk então volta tocando o riff do começo de The Frayed Ends Of Sanity. Ao mesmo tempo que pensei "foooda!", eu pensei "quando eles voltam para o bis, sempre tocam um riff que não vira música depois". Algumas pessoas até tentaram entoar o corinho, mas não deu. Então James aparece e explica que esse é o momento que eles tocam um cover e diz "a banda de hoje ééééé... ". Fez um certo suspensezinho e depois disse "Queen" emendando no começo de Stone Cold Crazy. Muito foda ver essa ao vivo!!

Ao final, rolou uma, pásmem, virada de bateria do Lars!! Ohhhhh! E vem o riff matador de Motorbreath!! Outra ótima surpresa!! E eles fazem novamente um cu-doce do tipo "acabou" quando todos sabiam que ainda faltava uma música. Fato pitoresco foi ver nessa hora (se não me engano) Kirk tirar um iPhone do bolso e começar a filmar a galera. James fica olhando para ele e diz: "Hey Kirk, what are you doing, man? Making a video? We have people to do that!"... hehehe.
A galera então pede em coro Seek and Destroy. Detalhe: essa música foi tocada em quase 100% dos shows dessa turnê. Sabe-se que é a última música. Por que neguindo pede a última música?? Porra!

Acontece, então, um curioso diálogo.

Galera: "SEEK AND DESTROY!! SEEK AND DESTROY"

James: "Do you like that song?"

Galera: "YEAHHHHHH!!"

James: "Why?"

Galera: "SEEK AND DESTROY!! SEEK AND DESTROY"

James: "Oh, because the lyrics are easy?! Ok."

Galera: "YEAHHHHHH!!"

Depois os gringos acham que tem só índio aqui e a galera não sabe o porquê. Se bem que, em defesa do público, como seria possível responder a "Why?" em coro? Bem, então James dá início a Seek and Destroy que é cantada já com aquela pelada de saco clássica "We are scanning the city in Sao Paulo tonight!". E o showzaço chega ao fim. Conclusão: show muito fodão!! Minha gasganta está doendo até agora de tanto cantar! Achei muito boa a decisão de não tocar nada que foi lançado entre o Disco Preto e o Death Magnetic. E o fato de estar recheado de clássicos antigos foi absurdamente bom!! O único disco que foi representado por apenas uma música foi o Master (ok, muito bem representado!). Poderia ter tido Disposable Heroes. Fora isso, acho que poderia ter rolado também All Nightmare Long. Daí teria sido perfeito! Redondinho: 20 músicas!

Galera que foi ao show.

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domingo, novembro 08, 2009

Jukebox Noventista


No distante ano de 1991, o Rio de Janeiro vivia a iminência do segundo Rock in Rio. Bandas de peso, como Guns n' Roses e Faith No More, cantores solo, como George Michael e Lisa Stansifield, e bandas de "época", como Information Society e Dee-Lite, estavam prometidas aos cariocas. Muita coisa na cidade girava em torno disso, desde comerciais da recém chegada MTV até temas para aulas em curso de inglês. Uma das coisas que mais me causam nostalgia é a xerox da apostila do CCAA com letras de músicas do Guns e do FNM. Essa "xerox" circulava em vários lugares. Quem viveu lembra. Numa época sem internet, conseguir letras das músicas sem ter a fita ou LP original era bem difícil, especialmente se você não tem dinheiro algum. Outra fonte de letras era a minha tia. Ela chegou a me enviar uma carta pelo correio com algumas letras escritas a mão (lembro até hoje da carta escrita com tinta roxa). Apesar de eu, no auge dos meus 10 anos de idade, ainda não estar muito atraído à idéia de enfrentar uma multidão de malucos para ir a um show, foi aí que eu comecei a ter contato com essas bandas. Gostei. Mas nada que se compare ao momento da "revelação" que viria no ano seguinte quando ouvi pela primeira vez Bohemian Rhapsody.

O Faith No More é uma banda que foi muito presente no início dos anos 90 e ela entrou meio que por osmose na minha mente. Depois, ficando mais interessado no mundo da música, fui me envolvendo mais e descobrindo mais coisas. De "Introduce Yourself" ao "Angel Dust". Gravei uma fita do "Live at Brixton Academy". Peguei "emprestadado" com o "Patrão" o LP do "The Real Thing". Em 1995, comprei o hoje antológico CD "King for a Day, Fool for a Lifetime". Esse ficou rodando no meu microsystem JVC por um bom tempo. Praticamente dormia lá dentro! Foi em 95 também que fui ao Philips Monsters of Rock no eterno Metropolitan. Na ordem: Paradise Lost, Faith No More e Ozzy. Um fato curioso é que Mike Bordin, baterista do FNM, estava assistindo ao show do Ozzy bem na minha frente, naquele espaço entre a grade e o palco. Parecia fã mesmo! Uns anos depois, ele integrou a banda do Madman!

Mas vamos ao que interessa: ontem, 14 anos depois, o FNM retorna ao Rio com formação quase original sem motivo algum (pelo menos que eu saiba). Depois de uma certa confusão para a compra dos últimos ingressos, a galera se encontra dentro do re-re-re-batizado Metropolitan, agora Citibank Hall. O show demora para começar tendo um atraso de quase uma hora e meia. Então as luzes se apagam e os caras entram todos de terno, com exceção de Mike Bordin que estava exatamente como sempre se apresentou: apenas de bermuda e um protetor para as mãos. Eis que surge Mike Patton de terno vermelho, gel no cabelo e uma escaleta na mão para tocar Midnight Cowboy, cover do John Barry, com o peso do FNM mas com uma certa sobriedade inusitada. Foi meio estranho começar o show com uma balada. Acho que nunca tinha visto isso. Essa mesma sobriedade foi então jogada para escanteio, eles se livraram dos paletós e emendaram na absurdamente empolgante From Out of Nowhere, cantada e pulada por todos! Muito boa e isso ajudou a dar o tom do show.

Algumas músicas depois, começa o desfile de músicas do impecável álbum "King for a Day, Fool for a Lifetime" com a balada Evidence. A música começou exatamente como no CD. Mas quando comecei a cantar junto, percebi alguma coisa de diferente na letra. Não é que o cara estava cantando em português?!?! Aí eu parei de cantar e fiquei só imaginando a letra original na minha cabeça enquanto ele "traduzia". Ficou, digamos, um tanto estranho. Ouvi comentários que ficou parecido com Jota "Blerg" Quest.

Passado esse momento tranqüilo, começou a porradística Suprise! You're Dead! levando todos à bateção de cabeça insandecida. Assim, depois de passar por sucessos mais recentes como Last Cup of Sorrow, veio uma das melhores músicas do álbum "King for a Day...", Ricochet seguida por Easy, baladinha cover do Commodores.

Mas isso só foi a preparação para o primeiro momento "épico" da noite. E assim eles iniciaram aquela música "que tem 4 letras no título e começa com E": EPIC!! Todo mundo cantou, pulou, gritou e se emocionou. O solo dessa música foi o primeiro arrepio da noite... Eu estou começando a medir o quão bom é um show pela quantidade e intensidade dos arrepios. Mas por mais absurda que seja essa música, a seguinte foi ainda mais marcante. A sinistraça Midlife Crisis foi transcendental e o arrepio que veio no refrão dessa música ficou no meu braço por algum tempo! Muito foda!! No meio da música, rolou ainda um momento lounge. Esse Mike Patton é genial!! Ele vai da mais insana explosão até o clima mais intimista e emocionado num piscar de olhos.

Em seguida vem mais um momento de Mike Patton mostrar seu domínio da língua portuguesa tocando Caralho Voador e emendando em Ela é Carioca. De onde esse cara tira essas coisas?? Depois disso, vem algo digno de uma roda muito cavernosa, mas que acabou não se formando: The Gentle Art of Making Enemies. Meu pescoço saiu doendo do show muito em parte por causa dessa música. Vieram, então, King For a Day, Ashes to Ashes e Just A Man, o que fechou o tempo regulamentar.

O bis veio então com a obrigatória We Care a Lot empolgando o público todo. Ao acabar, a audiência ainda pedia pelo hino Falling to Pieces. Já se sabia que eles não a haviam tocado em shows recentes pela América Latina, mas não custava nada tentar aquele último fôlego para tentar convencer os caras. Foi nesse mesmo espírito de último fôlego que o FNM retorna ao palco e Mike Patton diz algo do tipo "Só porque estamos no Rio". Daí surgem aquelas notas de baixo que marcam o início de Falling to Pieces e, num passe de mágica, estamos de volta aos anos 90. Nem o fato de eles terem errado algumas coisas nessa música reduziu a mística em torno dela. Absurda!!

O show termina então sem algumas músicas essenciais. Cadê Digging the Grave, Edge of the World e Introduce Yourself? Mas tudo bem... o show foi fodástico e valeu muito a pena!!

PS: Esqueci a câmera!! Droga!! A foto foi com o celular... merda...

Set list

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sexta-feira, abril 17, 2009

Minhas fotos mundialmente famosas!! (parte 3)

Agora foi a vez de as fotos que eu tirei no show do Kiss aparecerem no site Rock na Tobata!!

quinta-feira, abril 16, 2009

Minhas fotos mundialmente famosas!! (parte 2)

Pessoal,

confiram mais fotos que eu tirei no show do Kiss na Apoteose no dia 08/04/2009 no site Hardblast.

Direito de resposta

Guitarras Ibanez... um dia ainda terei uma (não essa!)

quinta-feira, abril 09, 2009

O maior espetáculo da terra: the psycho circus


Cara, não tem como! Quando se fala de AO VIVO, a parada é Kiss! Se tivesse em uma enciclopédia (daquelas antigas mesmo) a definição de "show", teria que ter a foto dessa banda. É um show que tem de tudo que você possa imaginar para se ver numa apresentação ao vivo. Interação com o público? Sim! Competições entre seções da platéia para ver quem aplaude mais alto? Tem! Pirotecnia, fogmaker e fogos de artíficio? Tem também! Coreografia com guitarras e baixo? Clássico! Bateria voando? Como não? Portanto, na hora de batizar seus albuns ao vivo, o pessoal do Kiss não tinha outra opção: tinham que se ser ALIVE I, II, III e, se não me engano, IV.


Ontem foi o show do Rio de Janeiro da turnê que comemora os 35 (eu disse 35!!) anos de carreira do Kiss. Já no caminho, era um desfile de caras pintadas. Nem pensei que no Rio fosse ver tanta gente engajada assim! Achei particularmente muito legal isso, ainda mais nós do público carioca que não somos tão chegados assim em nos expormos desse jeito. Ponto para os cariocas!! Chegamos lá na Apoteose mais cedo para pegar um lugar melhor e nos demos de cara com um show de abertura: a banda era Libra. Cometário rápido: não é só porque eu o conheço, mas o guitarrista dessa banda é "o cara"!! Toca muuuito!! Por falar nisso, cadê o Possessonica?!?! Queremos shows!!


Depois de um tempo esperando os roadies montarem o palco, mais do que de repente cai um pano imenso com o logo da banda, o que já é imediatamente aplaudido. Imagina quando os caras entrarem! E então, muitíssimo do nada, rola uma virada de bateria por trás do pano e o público vai ao delírio! Mas ao mesmo tempo ninguém consegue entender nada pois as luzes nem se apagaram nem nada! Não tava aquele clima "caralho, é agora!". Aí, aquela voz (sim aquela!!) surge e anuncia (acompanhada por todos à minha volta): People!! Do you wanted the best? You've got the best!! The hottest band in the world!! KISS!!! O pano cai, revelando a banda com todas as suas luzes e pirotecnias e as luzes finalmente se apagam ao som da introdução matadora de Deuce! Então, "feeling good" e "feeling nice", começa nossa noite de forma apoteótica!!


Essa foto aí de cima é da chuva de papel picado que rolou durante toda a duração do clássico-mór/hino Rock n'Roll all nite, mais precisamente no momento em que Paul Stanley arremessava sua Ibanez contra o palco em meio a explosões e gritos insandecidos dos presentes! E não foi essa a única chuva! Só para dar uma refrescada, São Pedro manda uma chuvinha daquelas! E juro que, um minuto antes de ela efetivamente cair, eu pensei: "agora bem que poderia cair uma chuvinha..." - estava um pouco abafado lá no meio da galera. Eu acho que não ia a um show com chuva desde o Rolling Stones de 95 no Maracanã.


Além dessa, rolaram, no tempo regulamentar, clássicos como Strutter, Hotter than hell, Nothing to lose (cantada pelo catman genérico Eric Singer), Black diamond, a pesadona Parasite e Watching you. Na volta para o bis, Paul traz a protocolar bandeira brasileira e temos um reinício com a ultra-mega-clássica Shout it out loud prontamente emendada com Lick it up, da fase desmascarada.Após pedidos da galera, de um solo de baixo e de cuspir um pouquinho de sangue, Gene Simmons comanda o corinho para a introdução de I love it loud, que é cantada empolagamente por todos e o show é finalmente fechado com Detroit rock city. Foi a hora de eles darem uma pelada de saco nos cariocas e dizer que o Rio era uma rock city. Imagina, sei lá, eles tocando lá Caracas, na Venezuela. Será que ele mete essa de que Caracas também é uma rock city? Bem, deixando isso para lá, a noite ainda apresentaria um momento memorável. Após o término do show, começou a rolar, como música ambiente, God gave rock n'roll to you. E todos cantavam aquele corinho meio que misturando a satisfação do show com um sentimento de que faziamos parte da mesma família: o Kiss Army.






segunda-feira, abril 06, 2009

Lenine e seu Metal bem humorado

Este post, quebrando um jejum de 4 meses, é dedicado a dois amigos: ao Akira por ser o maior fã de Opeth que eu conheço e ao Soneca por fazer com que fosse possível minha ida a SP.

A banda de metal Opeth apareceu na minha vida nos idos de 2005 quando o mesmo Soneca aí de cima de envia uma música dos caras pelo MSN com a promessa de ser uma banda foda. Achei legal e tal mas, acho que, na época, a música não me emocionou tanto. Deveria estar em um outro momento musical na minha vida. A banda mostrava um cara que não conseguia se decidir entre cantar com voz limpa ou fazendo gutural na mesma música!

Em 2007, por sugestão do Akira, recém-chegado colega de trabalho, assiti ao DVD Lamentations e ouvi o CD Ghost Reveries. Este DVD mostrava, na sua primeira parte, o lado limpo da voz de Mikael Akerfeldt em uma apresentação ao vivo cantando as músicas do CD Damnation e, na segunda parte, toda a agressividade da banda ao executar as músicas do disco Deliverance. Nesse momento, já foi uma coisa mais impressionante. Também assisti ao DVD de documentário da banda o que, para mim, sempre é algo que me faz sentir mais próximo da banda e, de certa forma, facilita ouvir as músicas sabendo de onde elas estão saindo.

De uns tempos para cá, fui ouvindo cada vez mais. As gravações dos discos Roundhouse Tapes, Blackwater Park, Still Life e o próprio Ghost Reveries passaram a morar no meu MP3-player mas, mesmo assim, eu achava que algo ainda faltava ao som deles: um baterista mais agressivo! Eu sei que muitos fãs vão me xingar mas era o que eu achava! De qualquer forma, isso não mais importa pois, no disco mais recente, Watershed, esse problema foi magistralmente resolvido. O bizarro baterista "Axe" foi convocado. Ele que aparece no DVD Wacken Carnage do projeto paralelo de Akerfeldt chamado Bloodbath (recomendo fortemente para os ouvidos iniciados!) e não deixa pedra sobre pedra! O Watershed é um discaço do começo ao fim! Para mim, que conheço pouca coisa de Opeth, mostra muito do que é o som deles: uma grande mistura de levadas, mantendo um climão durante os cerca de 10 minutos de cada música. Você nunca sabe para onde vai a música, mas ao mesmo tempo, quando a música chega lá, você percebe que isso faz total sentido!

Voltemos ao dia 05/04/2009. Cheguei ao ponto de encontro da excursão às 7:35 do domingo, dia do show de SP. A horda de camisas pretas de bandas de metal acusou logo a exata localização. E eu, depois de anos indo a shows de metal de branco, estava também de preto, camisa velha de guerra do Metallica. Mas nesse caso, eu tinha desculpa: eu queria que meus co-excursionistas me identificassem como sendo um deles e não me deixassem para trás! A saída, que estava marcada para 8:00 foi, na verdade, às 8:45. E cheia de pequenos e médios atrasos foi também a viagem, que foi repleta de figuraças: do cara que não parava de falar (lembrando o Jay dos filmes do Kevin Smith) ao senhor de uns cerca de 60 anos de idade que foi acompanhar o filho.

Depois de longas horas de viagem, chegamos ao Santana Hall. A maior curiosidade sobre o local era que, após o show do Opeth, que estava marcado para começar às 19:00h, a casa receberia o show do... pasmem... Calcinha Preta!! Isso foi muito surreal!! A primeira coisa ao desembarcar do ônibus foi nos deparar com a longuíssima fila! Se esse show fosse no Rio, não teria nem 10 pessoas! Isso é verdade! Mas como ouvi dizer, um show de metal começa na fila, onde ficamos vendo o gosto musical alheio através das camisas. Nesse quesito, o público estava bem heterogêneo.

Ao entrar na casa, percebi que se tratava de um paralelepípedo (leia-se acúsatica ruim!) bem pequeno onde qualquer lugar que eu ficasse me permitiria ver o show de muuuito perto, o que é sempre bom! Passa um tempinho e começa o show de abertura cujo nome, por traumas passados, não falarei aqui. A banda era bem ruinzinha com músicas mal-resolvidas, apesar da boa vontade dos músicos. O mais legal dessa banda foi que ela meio que deu o tom do que seria a noite em termos de bom-humor. Ao entrar no palco, o vocalista falou: "nós e a outra banda de abertura, o Opeth, estamos honrados em abrir o show do Calcinha Preta!". No que todos responderam em coro com "Calcinha!! Calcinha!!". Por conta de atrasos, a banda não pôde apresentar seu show completo para não prejudicar o horário do prato principal. E nisso, eles foram exemplares e super-profissionais (ponto para eles!) não ficando lamentando a tirania imperialista das grandes bandas gringas sobre as bandas nacionais que estão começando ou algo do gênero.

Então, com um elegante atraso de 20 minutos, entram os suecos do Opeth e abrem o show com a segunda melhor música do disco Watershed: Heir Apparent. Não preciso nem dizer que foram muitíssimo bem recebidos pelos presentes que estavam agitando muito. Se não tinha ficado ainda bem claro que o show ia ser foda, eles, sem perder um segundo, já emendam com Ghost of Perdition. Essa música foi arrepiante desde os primeiros acordes.


E por aí foi um desfile de músicas de vários momentos da banda. Rolaram, fora de ordem, Leper Affinity, Hessian Peel, Closure, Credence, The Night and the Silent Water e o tempo regulamentar foi fechado com chave de ouro pela música que, na minha humilde opinião é a melhor de toda a história da banda: The Lotus Eater. Depois, no bis, houve uma certa discordância em meio ao público para ver que música pedir, mas eles acabaram fechando o show com Deliverance, que ficou, segundo conversas posteriores, na memória de todos os presentes. Estranhamente foi um show de 2 horas de duração, mas com apenas 10 músicas! O estranho é que as músicas já não parecem longas.


Mas o que mais me marcou nesse show foi toda a atitude deles. Primeiro eles são uma banda de um tipo de metal próximo do extremo, mas eles não são em nada parecidos com que se espera de uma banda assim. Todos os solos nas músicas são de uma melodia trabalhadíssima onde cada nota parece ser "a" nota e que eles não têm a menor necessidade de se esconder atrás de malabarismos virtuosos. Isso é uma coisa bem difícil, ainda mais considerando o contexto death metal/progressivo ao qual eles se propõem. Em segundo lugar, todas as músicas tem um clima super sombrio e que é facilmente identificável à imagem da banda. Isso é bastante realçado pelo belíssimo trabalho harmônico das guitarras / teclado / vocal limpo. Ao mesmo tempo, a voz suja de Mikael Akerfeldt é de uma qualidade única. Já vi vários videos no youtube de pessoas tentado, assumidamente, copiar seu estilo vocal.
Em terceiro lugar, mas não menos importante, eles, ao vivo, apresentaram uma atitude de total desprendimento à imagem de metaleiros. Uma prova disso foi que, ao ver todos fazendo o símbolo do metal, criado supostamente por Dio, ele disse, naquela sua voz de locutor de rádio que lhe é tão peculiar ao falar com o público, que isso era coisa do passado e que a banda adotou um novo símbolo, chamado The Hook. Como se dissessem: "não queremos ser como as outras bandas de metal. Queremos ser nós mesmos!". O engraçado foi ver todos os presentes fazendo o tal símbolo.


E além disso, o bom humor imperava. Antes de mais nada, ele entrou no palco vestindo uma camisa com a foto do Conan, o Bárbaro! Sim! O Governator! Depois, quando a galera gritou em coro "Conan, Conan", ele explicou que esse na verdade era o pior filme que ele já tinha visto e que só veio com essa camisa pois achava o personagem musculoso e sexy! Sempre que alguém apontava uma máquina, Mikael parava e dava tchauzinho para câmera com um sorriso mais mongo do mundo. Houve um momento em que jogaram uma camisa do Brasil no palco com o nome da filha dele impressa: Melinda. Ele agradeceu imensamente e explicou que sua filha estava começando a jogar futebol e também contou sobre como ele também havia jogado em sua adolescência. Que metaleiro iria parar um show para falar sobre os hábitos esportivos de sua filhinha?? Muito maneiro!


No fim do show, na apresentação da banda, ele ainda zuou os metal-gods da vida quando se descreveu, antes de se apresentar sob a alcunha de "Zico" Akerfeldt, como "vocalista, guitarrista, compositor de todas as músicas, um gênio, possuidor de estrelas sobre sua cabeça" e que "seu ego precisava de muitos aplausos"! E, para a última música, ainda, encarnou sarcasticamente algum metal-god pedindo para que o pessoal agitasse tudo que podia!


Conclusão: show muito foda! Faltaram músicas, claro! Mas eu não quero ser o fã que fala que faltaram músicas. Dito isso, não faltou nenhuma música!